domingo, 21 de abril de 2024

merci beaucoup
agradece com olhos chorosos
na beira-rua
mentres paralisado vejo como recolhe umas moedas caidas

nom todo no mundo é alegria
comentas com olhos chorosos
no meu colo
mentres paralisado perdo o fio das mensagens do telemóvel

merda de vida
penso com olhos insones
na longa noite
mentres paralisado analiso a minha frialdade acomodada

martes, 16 de abril de 2024

ruído
conversas difusas
num espaço caótico
vozes perdidas cara um tempo incerto
gravaçóns que se mesturam
coa realidade escura
e os sorrisos nom som mais ca um escudo
das olhadas de saudade
de quem ainda nom alvisca
o Abismo

luns, 8 de abril de 2024

ruído
que produce um silêncio primordial
saraiva que atravessa os meus ouvidos
e inscreve no profundo uma dor contínua
lene
quase imperceptível
e ansio a sede infinita das cordas vibrantes
e dedos esfarrapados e cansos
mentres caem as pálpebras em sonhos de esquecidas imagens
inexistentes
ver através
dos teus olhos inquedos
um novo eclipse

domingo, 31 de marzo de 2024

ruído
é somente ruído
catarse completa neste vazio
kaos mergulhado nas raices de árvores mortas
que olham ao vermelho sol do leste
minimais sons dum éter efémero
incompreensível
abissal e primigénio
orvalho na ialba sobre as hervas já murchas
nada
já muito tempo
sem sentir a chamada
verbas na noite

xoves, 24 de febreiro de 2022

Drou

Resplandecem no Escuro
os derradeiros fungos do esquecimento
aqueles que deixo atrás
seguiram-me coma um premonitório pesadelo

Negras flores de cheiro putrefacto
arrecendem entre as fissuras da pedra
ainda a tolémia nom me abafa
coa sua implacável presença

O estrondo dum sepulcral silêncio
fecha os meus olhos cansos
de uma espreita eterna do Abismo,
do Eterno que me chama e me atormenta

Aqueles que deixo atrás
seguiram-me coma um premonitório pesadelo

Demos do Kaos,
velaquí uma irredenta ialma perdida

***

Sons de ancestrais danças
mergulham o meu entendimento
num morno maternal acubilho
infame aranheira de presságios

As suas vozes de doce veleno
invocam ocultos incompreensíveis poderes
baixo uma Lua inscrita em pedra
lavrada nos albores do Tempo

Deusas da Noite
velaquí o derradeiro afouto canto
de uma ialma dorminte